Conhecer qual o impacto da alimentação na prevenção e tratamento de doenças crônicas.
Um dos principais fatores de risco associados ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis é a adoção de um estilo de vida pouco saudável. Seja por hábitos alimentares desadequados, falta de exercício físico ou tabagismo, o impacto a longo prazo da vida cotidiana no estado de saúde é claro e fortemente evidenciado.
No artigo de hoje, abordamos a relação alimentação e doenças crônicas e e quais os nutrientes e alimentos que deverá incluir na sua rotina alimentar.
O QUE SÃO DOENÇAS CRÔNICAS?
As doenças crônicas são doenças de longa duração (normalmente superior a 1 ano), de progressão geralmente lenta e que requerem atenção médica contínua e/ou limitam as atividades cotidiana do indivíduo.
Podemos destacar como exemplos de doenças crônica as doenças cardiovasculares (doença cardíaca ou enfarte), cancro, doenças crônica respiratórias, diabetes, obesidade ou outras patologias ou condições (que poderão ser do foro mental, genético, ósseo…)
A prevenção e tratamento de doenças que crônica representa hoje em dia uma das principais prioridades da saúde pública. Para além de constituírem uma das principais causas de morte globalmente, representam também um dos principais custos associados aos sistemas de saúde (quer pela necessidade de cuidados continuados, quer pelas possíveis hospitalizações associadas).
Assim, torna-se essencial desenvolver estratégias de prevenção que permitam reduzir os principais fatores de risco associados ao desenvolvimento destas patologias.
Principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônica
A evidência cientifica sugere que os principais fatores de risco associados a doenças crônica são moduladas e relacionados com um estilo de vida pouco saudável. É possível destacar o tabagismo, o sedentarismo e a falta de atividade física, o consumo excessivo de álcool e os hábitos alimentares inadequados.
Estes fatores de risco poderão estar envolvidos no consequente aumento da pressão arterial, aumento da glicemia (níveis de açúcar no sangue), alteração do perfil lipídico (com o aumento do colesterol ) e ainda aumento de peso ou obesidade.
A obesidade constitui um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento e agravamento de doenças crônica não transmissíveis, como doença cardiovascular, diabetes Mellitus tipo 2 ou câncer .
Estudos relatam que indivíduos obesos apresentam 5 vezes maior risco de desenvolver hipertensão arterial e estão associados a um aumento do risco de Acidente Vascular Cerebral
A Diabetes Mellitus tipo 2 é outra patologia fortemente associada ao excesso de peso. A evidência refere que 90% dos indivíduos com diabetes tem um IMC superior a 23 kg/m2.7
Para além destes, o excesso de peso está ainda associado a um aumento do risco relativo de outras doenças crônicas como alguns tipos de câncer ou osteoartrite.
DE QUE FORMA A ALIMENTAÇÃO PODE REDUZIR O RISCO DE DESENVOLVIMENTO DE DOENÇAS CRÔNICAS?
Os hábitos alimentares desadequados surgem como um dos inquestionáveis e principais determinantes no desenvolvimento de doenças crônicas
Seja pela ingestão calórica excessiva ou pela clara desadequação nutricional, torna-se essencial a promoção de um estilo de vida saudável, com rotinas alimentares adequadas e nutritivas.
Desta forma, é possível destacar algumas características-chave que a sua rotina alimentar deve possuir, de forma a reduzir o risco de desenvolvimento de doenças crônicas:
1 Promover uma rotina alimentar baseada em alimentos de origem vegetal
Na literatura cientifica, os padrões alimentares mais associados à prevenção e terapia nutricional de doenças crónicas partilham uma característica em comum: basearem-se em alimentos de origem vegetal em detrimento de alimentos de origem animal.
No âmbito dos alimentos de origem vegetal, é possível destacar as frutas, os vegetais e hortifruti, as leguminosas e os cereais integrais.
Algumas frutas e legumes são ricos em polifenóis bioativos que possuem propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e antitrombóticas que demonstraram possuir efeitos de saúde benéficos, especialmente em distúrbios metabólicos e cardiovasculares.
Estes compostos aliviam a resposta imunitária, aumentam as defesas antioxidantes, melhoram a reatividade vascular e reduzem a inflamação, promovendo a saúde cardiovascular e metabólica.
Relativamente às leguminosas e cereais integrais, o seu teor em fibra poderá estar associado à melhoria do perfil lipídico e redução da inflamação e da pressão arterial, reduzindo o risco de desenvolvimento de algumas doenças crônicas, nomeadamente de origem cardiovascular.
2 Privilegiar o consumo de gordura insaturada em detrimento de gordura saturada
Os efeitos de saúde benéficos associados à substituição de gordura saturada por gordura insaturada no dia a dia alimentar estão bem documentados na evidência científica.
A redução do consumo de alimentos ricos em gordura saturada (como produtos de pastelaria, biscoitos, bolachas, carnes vermelhas gorda, lacticínios gordos, produtos fritos ou produtos processados) e a sua substituição por gorduras monoinsaturadas e polinsaturadas (como as presentes no azeite, nos frutos oleaginosos, nas sementes ou nos peixes), está associada à redução do risco de desenvolvimento de algumas doenças crônicas, como eventos cardiovasculares, obesidade ou câncer.
3 Seguir as bases alimentares características da Dieta Mediterrânica
A Dieta Mediterrânica é considerada um dos padrões alimentares mais saudáveis a nível mundial. Ao longo dos anos, tem sido evidenciado que a adesão à Dieta Mediterrânica tem um efeito preventivo e impacto favorável em várias doenças crônica, como as doenças cardiovasculares, diabetes ou obesidade.
Este regime alimentar é baseado no consumo diário de frutas e vegetais e na inclusão de cereais integrais (como flocos de aveia e pão integral) nas refeições intermédias. O consumo regular de leguminosas (como o grão ou feijão) e de frutos oleaginosos (como as nozes ou amêndoas) é aconselhado, e as sementes são vistas como um alimento de pequena dimensão, mas nutricionalmente denso.
Para além destas características, ao seguir uma alimentação mediterrânico, há uma baixa ingestão de carne vermelha ou processada e uma ingestão moderada de lacticínios, peixe e carnes brancas.
Assim, sendo de fácil adesão e de elevada riqueza nutricional, a Dieta Mediterrânica parece ser uma estratégia alimentar eficaz para fomentar hábitos alimentares adequados capazes de reduzir os fatores de risco associados ao desenvolvimento de doenças crônicas.
CONCLUSÃO
Sendo a elevada prevalência e mortalidade associada a doenças crônica um dos principais problemas de saúde pública, torna-se urgente a adoção de medidas de prevenção e combate a estas patologias.
Apesar de serem doenças de causa multifatorial, a cessação do tabaco, a limitação do consumo de álcool, o combate ao sedentarismo e a promoção de uma alimentação nutritiva e adequada parecem ser mudanças de estilo de vida simples, mas muito eficazes.
Assim, a promoção de estratégias de prevenção baseadas nestas quatro mudanças no dia a dia da população é essencial para o estado de saúde da mesma.
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