Os benefícios de uma mastigação correta
- Nutricionista Patricia Florêncio
- 24 de jan. de 2022
- 3 min de leitura

Você consegue lembrar quanto tempo levou para comer sua última refeição? Para a maioria das pessoas, essa é uma pergunta difícil, pois o ato de mastigar é realizado quase como um reflexo inconsciente, principalmente se estiver com pressa. Há algum tempo pesquisadores sabem que o estômago cheio é apenas um entre diversos mecanismos que o faz sentir-se satisfeito após uma refeição. O cérebro também precisa receber uma série de sinais de hormônios secretados pelo trato gastrointestinal.
Mastigar corretamente e mais vagarosamente os alimentos favorece não somente a redução de peso, mas também aspectos como digestão, absorção dos nutrientes, menor risco de desencadear alergias, saúde dos dentes e da microbiota intestinal. Saiba mais sobre eles!
Primeiros sinais
Receptores de estiramento no estômago são ativados quando o órgão se enche de água ou comida. Os sinais dos receptores são enviados pelo nervo vago, que liga o intestino ao tronco cerebral. Então, outros sinais são liberados quando o alimento passa do estômago para o intestino, como o hormônio (substância endócrina) colecistocinina (CCK), em resposta à presença de proteínas e de gorduras no alimento que chega no intestino.
Outro sinal acontece quando a comida chega lentamente no intestino. O tecido adiposo (ou gorduroso) é um estoque de energia para o corpo e produz um hormônio chamado leptina, responsável por se comunicar com o cérebro sobre as necessidades energéticas e a saciedade, com base em reservas de energia do corpo. Pesquisas sugerem que a leptina amplifica os sinais de CCK e aumentam a sensação de saciedade. Ou seja, ao comer rápido demais, não há tempo suficiente para que esse mecanismo entre em ação. Resultado: as pessoas comem mais do que necessitam.
Maior tempo na boca
Mastigar mais significa salivar mais. E a saliva contém enzimas digestivas necessárias para dar início ao processo de digestão. Duas delas são a lipase e amilase, enzimas que ajudam a quebrar a gordura e o carboidrato, respectivamente. Quanto mais saliva, mais o bolo alimentar ficará umedecido e passará com facilidade pelo esôfago.
Peso adequado
Como exposto acima, quanto mais tempo levar para mastigar sua refeição, mais tempo o organismo tem de liberar as substâncias que trarão saciedade. Não se apegue ao número de mastigações, mas tente levar pelo menos 20 minutos para terminar a refeição para que seu cérebro tenha de tempo de sinalizar ao intestino que a comida está chegando. Essa atitude vai evitar que você coma demais, ação frequentemente causada por ansiedade que favorece o ganho de peso.
Absorção dos nutrientes
Dentro do estômago não há um “liquidificador” que fará a mastigação, assim, ela deve ser feita corretamente pela boca. Mastigar bem os alimentos permite a “quebra” em partes menores. As enzimas digestivas e o suco gástrico só funcionam na superfície dos fragmentos, ou seja, ao mastigar o alimento completamente, haverá maior área de contato disponível para as enzimas e o suco agirem.
Chegando ao intestino, mais mecanismos de digestão serão estimulados, pois a intenção é “desfazer” as moléculas de proteínas, carboidratos e lipídeos para que sejam absorvidos na forma de aminoácidos, glicose e ácidos graxos livres. Um alimento bem digerido permitirá também que suas vitaminas e seus minerais sejam liberados para serem absorvidos pela mucosa intestinal.
Microbiota saudável
O alimento pouco digerido deixará partículas maiores livres que, se não passarem pela parede do intestino, ficará disponível para que bactérias e fungos oportunistas as utilizem como fonte de energia e se proliferem – é o caso dos carboidratos. Este nutriente serve de alimento para micro-organismos iniciarem a fermentação, levando a formação de gases e sintomas como distensão abdominal, diarreia e constipação.
Outro exemplo é uma proteína mal digerida. Ela vai gerar peptídeos que não são bem “aceitos” no processo de digestão, mas, vez ou outra, acabam passando. Uma vez na circulação sanguínea, os peptídeos podem não ser reconhecidos pelo organismo, serão considerados “invasores” (antígenos) e possivelmente desencadearão reações alérgicas.
Mastigar é bom para os dentes!
A arcada dentária é feita de ossos que se exercitam durante a mastigação. Além de possuir enzimas digestivas e umedecer o alimento, a saliva também é importante para manter o pH da boca básico e limpar os dentes, evitando o acúmulo de placas e surgimento de cáries.
Aprecie sua refeição
Se comer com pressa dificilmente você vai sentir o gosto real dos alimentos. Quando se dedica à mastigação lenta, os sabores individuais e únicos passam a ser mais perceptíveis e a refeição torna-se mais prazerosa.
Lembre-se sempre dessas dicas!
Mastigue devagar e de forma constante;
Mastigue até que o alimento tenha perdido sua textura inicial;
Engula toda a comida da boca antes de partir para outra garfada;
Evite ingerir líquidos enquanto estiver mastigando.
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