O uso de cloroquina e hidroxicloroquina para tratar a infecção pelo novo coronavírus ainda não é considerado seguro em todos os casos, sendo que o Ministério da Saúde do Brasil apenas permite o uso da cloroquina sob orientação de um médico e nos casos mais graves da infecção por COVID-19.
Além disso, segundo o Ministério da Saúde, a cloroquina apenas poderá ser utilizado no hospital e durante o período de 5 dias. Nesse tempo, o paciente deve ficar internado e em observação contínua para avaliar o surgimento de possíveis efeitos colaterais graves, como problemas cardíacos ou alterações na visão, por exemplo.
De acordo com a Anvisa, a compra destes medicamentos na farmácia continua sendo permitida apenas com receitas médicas sujeitas a controle especial e para doentes de malária, lúpus e outras doenças que eram indicação destes medicamentos antes da pandemia de COVID-19. A auto-medicação com estes ou qualquer outro tipo de medicamento é uma prática perigosa que está desaconselhada independente da situação, já que pode trazer graves consequências para a saúde e colocar a vida em risco.
Porque a hidroxicloroquina poderia tratar o coronavírus?
Segundo um estudo realizado in vitro na China , foi demonstrado que a cloroquina e a hidroxicloroquina conseguem impedir a entrada do novo coronavírus, o SARS-CoV-2, nas células, assim como inibir seu transporte entre as organelas celulares, reduzindo a capacidade do vírus para se multiplicar.
Da mesma forma, outro estudo desenvolvido na França, também mostrou que a hidroxicloroquina parece ser capaz de reduzir a carga viral em pessoas infectadas e que, quando está associada à azitromicina, pode levar a resultados ainda mais promissores.
Porém, é importante ressaltar que as amostras de pacientes utilizadas nestes estudos foram bastante reduzidas e que nem todos obtiveram resultados positivos com o uso da cloroquina ou da hidroxicloroquina. Assim, é necessário fazer mais investigações e com um número maior de pacientes, para afirmar que essas substâncias são, de fato, eficazes e seguras para tratar o novo coronavírus.
Uma vez que são necessários mais estudos, a Anvisa desaconselha a utilização destas substâncias para o tratamento do coronavírus e reforça que, para que sejam incluídas novas indicações terapêuticas em medicamentos já existentes, é necessário realizar mais estudos clínicos numa amostra maior de pacientes.
Contraindicações da hidroxicloroquina
A hidroxicloroquina e a cloroquina estão contraindicadas para qualquer condição que não tenha orientação de um médico, pois podem causar efeitos colaterais graves como alterações no sangue, problemas cardíacos e, até, cegueira. Dessa forma, não devem ser utilizadas como forma de auto-medicação para tratar ou prevenir a infecção pelo novo coronavírus.
Embora a hidroxicloroquina e a cloroquina já estejam aprovadas para o tratamento de algumas condições específicas, como a malária, o lúpus, a artrite reumatoide e certas doenças da pele e reumatológicas, isso não significa que sejam seguras para utilizar no tratamento de novas doenças, já que são sempre necessários estudos com as novas populações para entender a sua segurança.
Além de ser um risco para a saúde de quem toma o medicamento sem indicação do médico, é também um risco para as pessoas que podem ficar sem esse medicamento para o tratamento de outras doenças.
Hidroxicloroquina: o que é, para que serve e efeitos colaterais
A hidroxicloroquina é um remédio indicado para tratamento da artrite reumatoide, lúpus eritematoso, afeções dermatológicas e reumáticas e também para o tratamento da malária.
Esta substância ativa é vendida comercialmente com os nomes Plaquinol ou Reuquinol, e pode ser comprada em farmácias por um preço de cerca de 65 a 85 reais, mediante apresentação de receita médica.
Como usar
A posologia da hidroxicloroquina depende do problema a tratar:
1. Lúpus eritematoso sistêmico e discoide
A dose inicial de hidroxicloroquina é de 400 a 800 mg por dia e a dose de manutenção é de 200 a 400 mg por dia.
2. Artrite reumatoide e juvenil
A dose inicial é de 400 a 600 mg por dia e a dose de manutenção é de 200 a 400 mg por dia.
A posologia para a artrite crônica juvenil não deve ultrapassar 6,5 mg/kg de peso por dia, até uma dose diária máxima de 400 mg.
3. Doenças fotossensíveis
A dose recomendada é de 400 mg/dia no momento inicial e depois reduzido para 200 mg ao dia. O ideal é que o tratamento seja iniciado alguns dias antes da exposição solar.
4. Malária
Tratamento supressivo: Em adultos, a dose recomendada é de 400 mg em intervalos semanais e em crianças, é de 6,5 mg/kg de peso corporal, semanalmente. O tratamento deve ser iniciado 2 semanas antes da exposição ou, caso não seja possível, pode ser necessário a administração de uma dose inicial de 800 mg em adultos e 12,9 mg/kg em crianças, dividida em duas tomas, com 6 horas de intervalo. O tratamento deve continuar por 8 semanas após deixar a área endêmica.
Tratamento da crise aguda: Em adultos, a dose inicial é de 800 mg seguida de 400 mg após 6 a 8 horas e 400 mg diários em 2 dias consecutivos ou, em alternativa, pode-se tomar uma única dose de 800 mg. Em crianças, deve-se administrar uma primeira dose de 12,9 mg/kg e uma segunda dose de 6,5 mg/kg, seis horas após a primeira dose, uma terceira dose de 6,5 mg/kg, 18 horas após a segunda dose e um quarta dose de 6,5 mg/kg, 24 horas após a terceira dose.
A hidroxicloroquina é recomendada para o tratamento da infecção pelo coronavírus?
Não. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) afirma que não existe nenhuma recomendação para o uso de medicamentos com hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19.
Embora estejam a decorrer estudos com este e outros medicamentos, com resultados promissores, não existem ainda estudos conclusivos que comprovem a eficácia desses medicamentos para o tratamento da Covid-19.
A automedicação pode trazer consequências graves para a saúde. Antes de tomar qualquer medicamento, deve-se falar com o médico ou com um profissional de saúde.
Quem não deve usar
A hidroxicloroquina não deve ser usada por pessoas com hipersensibilidade a qualquer um dos componentes presentes na fórmula, com retinopatias pré-existentes ou que tenham menos de 6 anos de idade.
Possíveis efeitos colaterais
Os efeitos colaterais mais comuns que podem ocorrer com o uso deste medicamento são anorexia, dor de cabeça, distúrbios de visão, dor abdominal, náuseas, diarreia, vômitos, erupção cutânea e coceira.
Fonte: Tua Saúde
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